2010
A Associação Comercial e Empresarial de Guarulhos (ACE) acaba de lançar um desafio: a criação da Frente dos Empresários de Guarulhos. A iniciativa foi idealizada pelo presidente da entidade, Wilson Lourenço, que reunirá os empresários em torno de uma agenda positiva para a discussão de temas de interesse da classe produtiva guarulhense.
Wilson Lourenço acredita que o setor empresarial precisa se organizar
ACE Guarulhos – Quando surgiu esta ideia de organizar uma Frente Municipal dos Empresários?
Wilson Lourenço – Surgiu na 4ª. Conferência Nacional das Cidades que ocorreu em Brasília, no mês de junho. Como um dos delegados eleitos por Guarulhos, participei das discussões das propostas para o desenvolvimento das cidades. Percebi no encontro como os movimentos sociais estão organizados e o quanto o setor empresarial vem perdendo espaço nos importantes debates em andamento no nosso país. Creio que precisamos fazer nossa lição de casa, unindo os empresários para mostrar a sociedade o nosso pensamento. A voz dos empresários precisa ser ouvida em todos os níveis da federação e Guarulhos.
ACE – E quais são as propostas que esta frente pretende colocar em debate?
WL – Sabemos que o setor produtivo brasileiro sofre muito com a alta carga tributária, mas precisamos ser mais objetivos. Muito vai se falar nos próximos meses, por todos os candidatos, sobre Reforma Tributária. Os empreendedores devem se mobilizar para fazer com que as propostas sejam ouvidas e o compromisso, por eles, assumido. Então desenhei três pilares nos quais deveremos atuar. São elas: no âmbito municipal – pedir a redução da alíquota do ISS para 2% para todas as micro e pequenas empresas, independente do ramo de atividade, já que a Constituição Federal prevê um tratamento diferenciado para estes empreendedores; no âmbito estadual – Pedir um prazo maior para o pagamento do ICMS, já que muitas vezes o empresário paga o imposto antes de receber pelo produto vendido ao cliente; e âmbito federal – Reivindicar a ampliação do tabela de enquadramento do Simples, já que há anos não presenciamos uma alteração.
ACE – A proposta no âmbito municipal já não foi tema da ultima campanha para Prefeito?
WL – Sim, o prefeito Almeida firmou compromisso público com a ACE-Guarulhos para não criar novos tributos e não elevar a carga tributária no município, o que vem sendo cumprido. Também prometeu a estudar a unificação do ISS para 2% para as micro e pequenas empresas, que estamos aguardando. É claro que agora cobraremos isso por meio da Frente Empresarial.
ACE – A ampliação dos prazos para pagamento de tributos ajuda o empresário?
WL – Ajuda e muito! Hoje com a oferta do crédito e a estabilidade econômica, os consumidores desejam pagar em parcelas, principalmente usando os cartões de crédito. O empresário formal tem de emitir as notas fiscais eletrônicas e o governo sabe virtualmente que a venda ocorreu. O ICMS, por exemplo, vence no mês seguinte a data de venda, ou seja, há casos em que o empresário paga o governo antes de receber o valor da primeira parcela da venda pela operadora do cartão de crédito. Isso prejudica o fluxo de caixa da empresa, que acaba recorrendo a empréstimos bancários, pois a multa pelo não recolhimento dos tributos na data de vencimento é alta.
ACE – Como será o processo de adesão?
WL – Temos uma meta e pretendo começar a adesão na festa de confraternização dos 47 anos de fundação da ACE Guarulhos no próximo dia 18 de julho. Lá teremos a presença de micro e pequenos empresários que são os principais interessados nos temas em debate. Qualquer empresário poderá aderir a Frente Empresarial, sem custos. É uma ação em prol do associativismo e sem ideologias partidárias, que terá o apoio da Associação Comercial. Teremos um foco objetivo nas questões que citei e espero uma ampla participação do empresariado que em Guarulhos representa mais de 50 mil empreendedores.
ACE – O setor empresarial está perdendo espaço no debate sobre nosso país?
WL – O que posso dizer é que os movimentos sociais e as organizações sindicais de trabalhadores estão mais organizados e muito mobilizados. Temos visto durante os dois mandatos do presidente Lula, uma grande participação o que é muito bom para o desenvolvimento do Brasil. As conferências nacionais, por exemplo, é um dos instrumentos populares de participação democrática que cresceu e permite a discussão, elaboração e acompanhamento de políticas públicas. Em Guarulhos temos o orçamento participativo. Quem não está discutindo nestes fóruns é o segmento empresarial e, por isso, não tem conseguindo emplacar propostas de seu interesse. O empresário precisa se posicionar para não ficar vendo as mudanças ocorrerem no Brasil de dentro de sua empresa, por isso vamos incentivar esta mobilização.
ACE – O que será feito com as adesões?
WL – O texto básico, com a adesão e subscrição dos participantes da Frente Empresarial de Guarulhos, será encaminhado aos atuais dirigentes das três esferas de governo, devidamente registrado e protocolado. Levaremos a proposta aos candidatos a Presidente da República e governadores, para que se comprometam com as justas reivindicações do segmento empresarial.
ACE – Outras entidades poderão participar desta iniciativa empresarial?
WL – Claro, estaremos convidando todas as entidades empresariais pessoalmente. Creio que todos devem aderir a esta iniciativa, inclusiva entidades de outros municípios que devem formalizar a Frente Empresarial em suas cidades para compormos uma organização estadual. Esta estruturação não é nenhuma novidade, apenas reflete aquilo que os movimentos sociais já fazem há anos e que precisamos despertar no segmento empresarial.